A psicanálise trabalha com a dor psíquica através de uma escuta profunda dos afetos sentidos pelo paciente. No trabalho analítico, o analisando depositará emoções positivas ou negativas no analista, reatualizando as suas primeiras vivências infantis.
Trata-se de uma escuta sensível dos sentimentos e sensações em relação ao que o paciente que está relatando. Às vezes, não há ainda o conhecimento do porquê sente algo, mas apresenta o seu eu à flor da pele. Por exemplo, pode não saber o porquê de estar sentindo ansiedade, depressão, angústia, mas pode falar sobre suas sensações e sentimentos.
A psicanálise enfatiza o olhar para as relações da história familiar de seus pacientes, já que o adulto foi uma criança e, ao nível psíquico a criança está contida no adulto.
A conexão entre a psicanálise e o desenvolvimento do ser humano é tão forte que remete o psicanalista ao estudo do desenvolvimento dos bebês e crianças. Atualmente, até mesmo sobre impressões do feto pode-se inferir, devido aos conhecimentos permitidos pelo avanço das ciências.
Quando um bebê nasce, tem a experiência do contato com quem pratica a maternidade e olha nos olhos desta pessoa. Ele se vê nesse olhar da figura materna. Se a criança se sente investida pela figura materna, enxerga-se como boa, caso contrário, se sentirá inadequada, insegura.
O bebê precisa se sentir amado para se desenvolver bem emocionalmente, cognitivamente e ao nível cerebral. As necessidades de cuidado cotidiano como amamentação, banho, etc. são atendidas enquanto a criança sente a sensibilidade do seu corpo e do seu cuidador em um ambiente que pode ser permeado pela fala. Por exemplo: Está com fome? Está com frio? O som da voz da figura materna, o contorno corporal dos limites do próprio corpo que o bebê sente ao ser segurado, a percepção tátil, a temperatura, o gosto, o cheiro, todas essas vivências repercutirão na motricidade e na organização do pensamento e das emoções.
A psicanálise é também a escuta psíquica do brincar da criança. Como é esse brincar? É criativo? A criança tem um espaço para a experimentação?
O adulto trabalha com a sua linguagem e é nessa interação entre os dois, analista e analisando, no setting terapêutico, espaço privilegiado da análise, em que haverá a escuta de sua fala, constituindo possíveis mudanças em seus pensamentos e percepções. Afinal, a psicanálise trabalha a ressignificação das questões psíquicas em qualquer idade.